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POSTADO EM 26/03/2021 - 22h31

Grupo de pais e professores de Atibaia defende o retorno de aulas presenciais durante a pandemia

Com a participação de médicos, educadores, advogados e de escolas privadas, grupo afirma que as salas de aula não são locais de transmissão para Covid-19 e que aulas presenciais podem ser retomadas com segurança (foto ilustrativa: RCIA Araraquara)

Por Armando Teixeira Junior

Recentemente o Portal Atibaia News publicou uma matéria entrevistando professores, profissionais da educação e pais de alunos de escolas municipais e estaduais sobre o retorno às aulas presenciais veja neste link

A grande maioria das fontes consultadas informaram que eram contra o retorno das atividades com alunos em salas de aula. Muitos se sentiam temerosos em relação a pandemia de Covid-19.

Da mesma forma existem grupos de pais, professores e escolas da rede privada que defendem que o espaço escolar pode ser seguro e que as aulas presenciais devem ser mantidas.

Manoela Suzane de Alencar Nagao é uma das mães que participa de um grupo de pais de alunos de Atibaia que conta com profissionais de diversas áreas, como médicos, advogados e educadores. Segundo ela o grupo apoia o funcionamento das escolas baseado em estudos comprovados de diversas áreas.

“A OMS e a UNICEF respaldam a decisão de reabrir escolas. Segundo, porque os impactos negativos do fechamento das escolas são devastadores, oferecendo riscos irreversíveis à saúde das crianças, agravando condições psiquiátricas, comprometendo a segurança alimentar, aumentando a taxa de gravidez infantil, o número de abusos e maus tratos, uso de drogas e violência. Teve bastante repercussão na mídia recentemente a fala do Banco Mundial apontando que a pandemia pode fazer com que 70% das crianças do Brasil não aprendam a ler”. Explica Manoela.

O Portal Atibaia News conversou também com professores e mantenedores de escolas privadas que defendem o retorno das aulas presenciais.

 

Escolas da Rede Particular de Ensino são geradoras de emprego e precisam das aulas presenciais para continuar funcionando

 

Existe a preocupação com a atividade econômica impulsionada pela educação. As escolas privadas geram empregos e sem as aulas presenciais, a pandemia se revelou um grande desafio para os gestores.

A empresária e responsável pela EIPG - Escola Internacional Preparando Gerações, Priscila Gatz Simões conta sobre o desafio vivido pelo setor há mais de um ano.

“O ano de 2020 foi desafiador para muitos e não foi diferente para as escolas. Operamos com menos de 50% de nossa receita ao longo de todo o ano, com uma perda de alunos por volta de 20%, especialmente no segmento da Educação Infantil (2 a 5 anos). Tivemos que nos reorganizar de maneira a reduzir o investimento financeiro dos pais em 2021. Decidimos por não demitir nenhum membro de nossa equipe e para isso tivemos que lançar mão de redução de despesas e buscar linhas de crédito oferecidas com menor taxa de juros ao longo do ano.” Explica. Segundo a empresária, algumas escolas fecharam em Atibaia e região, e o segmento mais afetado pela pandemia no aspecto financeiro foi o de Educação Infantil, uma vez que o ensino remoto nessa faixa etária demanda o acompanhamento e ou supervisão de um adulto.

 

“Ensino On-line não funciona”

 

 

Entre os principais pontos apontados por aqueles que defendem o retorno das aulas presenciais está o fato de que o ensino on-line nem sempre é efetivo como as aulas presenciais. “Para muitas crianças o ensino on-line simplesmente não funciona. Crianças sem acesso à Internet, sem dispositivos, sem adultos que as ajudem. Crianças com algum tipo de transtorno de desenvolvimento, TDAH, autismo, dislexia. Existe um universo enorme de crianças e famílias que precisam de escola presencial, por diferentes motivos. Até mesmo

para não ficarem vagando pelas ruas ou na frente das telas todo o dia.” Afirma Manoela, uma das representantes dos pais de alunos que lutam pelo direito as aulas presenciais.

No início do ano, antes da situação da pandemia se tornar ainda mais grave, o retorno às aulas presenciais aconteceu obedecendo uma série de restrições, dentre elas estava a lotação máxima da sala de aula obedecendo o limite de 25% dos alunos. Isso gerou a necessidade de um “rodízio”, em que os alunos participavam de aulas presenciais menos de 10 dias por mês.

“Considero pouco tempo de acompanhamento presencial para os alunos. Nunca imaginamos viver uma situação que impedisse as crianças e adolescentes de aprenderem. Definitivamente, um fator desafiador para professores e alunos vislumbrarem o aprendizado efetivo. Porém, no contexto em que estamos vivendo, poucas aulas presenciais ainda são melhores do que nenhuma.” Afirmou a empresária Priscila Gatz Simões da EIPG - Escola Internacional Preparando Gerações.

A professora Ágatha Cristian Pavão Heap, da rede privada, também afirma que mesmo não sendo o ideal, o ensino híbrido é importante.

“Prefiro o rodízio do que o estudo totalmente remoto. Sair de casa, estar na escola, ver os colegas, ter a supervisão dos professores e dos profissionais escolares e dar um pouco de folga no convívio familiar faz bem a todos.” Opina.

A opinião e os medos dos professores de escolas privadas

 

Professores de escolas privadas também passaram por momentos difíceis durante a pandemia. A Professora Letícia de Souza Pereira Kanai conta que teve medo de perder o emprego.

“Senti medo de perder meu emprego na pandemia, não pela escola, mas por medo dos pais pararem de pagar as mensalidades e a escola não ter como pagar os seus funcionários, mas graças a Deus, na escola onde trabalho recebemos tudo direitinho.”

Letícia também disse que no momento atual acredita que o melhor é evitar as aulas presenciais, mas que no início do ano, quando a pandemia esteve com índices menores de contaminação apoiava o retorno as aulas.

Apesar de sentir medo de contrair a doença em seu local de trabalho, ela acha que o problema não está no ambiente escolar:

“Tenho medo de ser contaminada por alguma criança, assim como tenho medo de ser contaminada no supermercado, na farmácia... Acredito que as medidas de prevenção adotadas pela escola em que trabalho, foram as melhores possíveis.” Diz Letícia.

Já a professora Ágatha Heap afirma que se sente completamente segura e em paz na escola onde trabalha. “Sou à favor das aulas presenciais, porque não temos como garantir proteção total nem no isolamento e as crianças e adolescentes têm tido prejuízos emocionais e psíquicos que não compensam. O convívio traz saúde e também fortalece o sistema imunológico.” Afirma.

 

O ambiente escolar é realmente seguro?

 

A empresária Priscila Simões afirma que a escola que administra contratou uma médica infectologista para auxiliar nos protocolos que seriam adotados para proteger crianças e alunos:

“Adotamos os principais aspectos dos protocolos, como o distanciamento (salas de aula com distanciamento de um metro e meio entre carteiras e cadeiras), EPIs como máscara com cobertura de nariz e boca, face shield para toda a equipe, para proteção dos olhos e higienização constante das mãos e superfícies, com o uso de álcool gel e líquido, respectivamente. A Escola fez um grande investimento financeiro buscando oferecer o melhor para alunos, famílias e equipe.” Explica.

Manoela Nagao uma das representantes dos pais de alunos que defendem as aulas presenciais afirma que o grupo procurou pesquisas e opiniões de médicos para embasar a decisão.

“Revisando muitos artigos científicos elaborados nesse período ao redor do mundo com acesso aos dados estatísticos de países que já fizeram o retorno às aulas, podemos perceber que o ambiente escolar é seguro sim. Segundo nossas pesquisas crianças são significativamente menos suscetíveis à Covid-19, representando apenas 2% dos casos

globalmente (lembrando que as crianças representam cerca de 24% da população mundial).”

Manoela afirma ainda que os dados reunidos pelo grupo apontam que crianças se infectam menos e também transmitem menos a Covid-19.

Os pais que defendem a abertura das escolas alegam ainda que muitos precisam trabalhar e sem ter a opção de enviar os filhos para um lugar seguro, as crianças são expostas a riscos com cuidadores e espaços escolares clandestinos.

“Além disso, os muitos profissionais das áreas nas quais não há restrição das atividades laborais (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, profissionais que realizam a limpeza do hospital, profissionais de farmácias, atendentes, funcionários de supermercados etc) muitas vezes não têm como trabalhar se as escolas não podem receber seus filhos... então essas crianças deixariam de estar em um local seguro, com protocolos e supervisão para estarem em locais muitas vezes clandestinos ou sem as mínimas condições de higiene.” Conclui Manoela.

 

Como surgiu o grupo e como está o diálogo com o Poder Público Municipal

O grupo de empresários de escolas particulares, pais, alunos e professores que defendem as aulas presenciais afirma que o principal motivo de terem se reunido para buscar mais representatividade foi o fato de observarem o sofrimento das crianças durante o isolamento social.

“Nosso grupo surgiu da profunda indignação em ver o sofrimento das nossas crianças e o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, social e intelectual. Surgiu da angustia de termos nossas crianças fora das escolas, porém em ambientes sem aprendizado e sem segurança enquanto os pais estão em suas atividades laborais. Não sabíamos explicar aos nossos filhos o motivos de termos jogos de futebol, bares abertos mas as escolas fechadas.” Aponta Manoela. Empresários do setor e o grupo dos pais de alunos já foram recebidos para conversas sobre o tema com o Prefeito Emil Ono. A empresária Priscila Simões elogiou o Poder Executivo Municipal por estar aberto a discussões sobre o assunto.

“Nunca tivemos o acesso e diálogo tão produtivo como em 2021. Esperamos continuar nutrindo essa proximidade e apoio mútuos.” Conclui.

 

Posicionamento do Portal Atibaia News

Esta matéria foi realizada após recebermos um retorno muito positivo da publicação sobre o retorno as aulas presenciais (veja no link) com professores de escolas municipais e estaduais. Nesse caso a maioria das opiniões eram contrárias ao retorno as aulas presenciais.

Leitores sugeriram que fosse realizada uma segunda matéria em contraponto, mostrando o ponto de vista de pais, professores e de escolas privadas que defendiam o retorno as aulas presenciais.

Assim como no texto anterior as entrevistas, não refletem uma pesquisa quantitativa. Fizemos contato com um número restrito de professores, empresários e representantes de pais de alunos que aceitaram responder nossas perguntas e permitiram a divulgação dos nomes e cargos em que atuam.

A matéria não reflete a opinião do Portal Atibaia News sobre as questões abordadas, apenas apresenta as opiniões de pessoas que são favoráveis ao retorno das aulas presenciais.

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