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POSTADO EM 02/01/2022 - 21h21

Entrevista com a Vereadora Ana Paula Beathalter

Sem se definir como oposição, a vereadora fala sobre sua trajetória política, seus projetos que foram barrados na Câmara e sobre a representatividade da mulher na política local

Armando Teixeira Junior

O Portal Atibaia News entrevista a vereadora Ana Paula Beathalter, eleita pelo PATRIOTA. Bacharel em Direito, aos 41 anos já traz em seu currículo a disputa à prefeitura de Atibaia nas eleições de 2016.

Na Câmara Municipal é incisiva ao cobrar esclarecimentos dos gastos públicos da atual gestão do Executivo, mas apesar disso, não se considera “oposição”.

A vereadora falou sobre como desde cedo se interessou pela política e abordou temas diversos como projetos que gostaria de ter aprovado e não conseguiu e representatividade feminina na política local.

Acompanhe a entrevista na íntegra.

Portal Atibaia News: Quando você decidiu entrar para a política? Qual foi sua principal motivação?

A minha decisão de entrar para a política aconteceu ainda na infância, quando eu observava as dificuldades experimentadas pelos meus , pais, parentes e conhecidos e percebia que quando tinha uma ação governamental, ou até mesmo da sociedade civil organizada, aquilo levava esperança para aquelas pessoas, especialmente de um futuro melhor para seus filhos, e eu senti que eu queria participar de ações que levassem esperança e pudessem motivar as pessoas a evoluírem e alcançarem seus objetivos, e desde então eu comecei a estudar e a trabalhar, pensando em algum momento da vida, poder retribuir em ações dessa natureza.

Percebi, desde muito cedo, que na política não se pode ficar de braços cruzados, nós temos que trabalhar e lutar para contribuir com os bons destinos da cidade e que uma cidade desenvolvida gera trabalho, gera renda e com essa remuneração as pessoas podem gradativamente alcançar seus objetivos e sonhos.

Na política nós temos condições de fazer com que os impostos arrecadados revertam em ações que auxiliem essas pessoas nesse processo, então foi algo assim desde muito pequena que comecei a ter essa consciência e a oportunidade de ingressar na política apareceu aos 22 anos e de lá para cá eu tenho contribuído dentro do possível e sempre dentro da expectativa de alcançar espaços de mais responsabilidade e maior contribuição.

Antes de ser eleita vereadora, você concorreu à prefeitura de Atibaia em 2016. Como você avalia essa experiência?

A experiência registrada nas eleições de 2016, quando fui candidata a prefeita de Atibaia, foi muito positiva. Percebi que as pessoas não gostam de falar de política, e algumas inclusive se irritam, e dialogando pude externar que se elas não conhecerem minimamente os candidatos para fazerem escolhas que possam trazer benefícios ao bairro em que moram, ao bairro em que trabalha, a cidade em que nasceram ou escolheram para viver, que isso trará um prejuízo por no mínimo 4 anos, pois ficarão reféns das ações dessas pessoas nesse período.

Também pude conhecer melhor os bairros da nossa cidade, conversar com a população e suas necessidades para inspirar um trabalho mais voltado a satisfazer esses anseios. Perceber que é necessário melhorar o transporte coletivo da cidade para que não haja superlotação, que tenham linhas em horários que possam atender as necessidades de horários de trabalho e estudo. Que o Posto de Saúde precisa ter um médico que possa atender com humanidade nos  momentos de angústia de doença... percebi igualmente que quando se tem vaga para as crianças em período de creche isso traz um alívio muito grande para as famílias, em especial para as mães que conseguem trabalhar e complementar a renda da família, isso quando não são o arrimo de família... Ou seja foi uma experiência para uma vida toda que com certeza vai refletir nas minhas ações enquanto representante da população na Câmara Municipal de Atibaia.

Você está no seu primeiro mandato como vereadora. Como está sendo essa experiência?

A experiência obtida nesse primeiro ano de mandato como vereadora de Atibaia confirma que é muito importante ter responsabilidade na condução de demandas de interesse público e coletivo, ouvir a população e dar voz a essa mesma população na Câmara Municipal. É uma experiência que tenho praticado diariamente e espero poder continuar por longos anos.

Você se considera "oposição" ao atual governo municipal de Atibaia? Como se sente fazendo parte de uma Câmara de Vereadores que está em sua grande maioria alinhada com o executivo?

Não me considero de oposição, mas sim, uma vereadora independente. Quando os projetos são bons para Atibaia, têm meu apoio e voto, quando não são tão bons ou são ruins eu tenho registrado sugestões de aperfeiçoamento que quando acolhidas pelos interessados têm também, meu apoio e voto, e quando não acolhidos eu rejeito, mas de forma fundamentada.

Já no que diz respeito ao meu sentimento de integrar uma Câmara municipal em que a maioria dos vereadores é alinhada com o Poder Executivo, posso afirmar que o que me incomoda é um alinhamento sem discussão e novas ideias. Isso realmente me incomoda... mas democracia é isso e temos que trabalhar para poder aperfeiçoar a cada dia e procurarei fazer a minha parte estimulando os demais.

Você tem mostrado uma postura firme ao cobrar do Executivo esclarecimentos sobre a utilização de recursos do município como gastos com consumo de combustíveis da frota municipal, valores de prédios alugados pelo município e liberação de recursos para Organizações da Sociedade Civil. Você vê alguma irregularidade no gasto do dinheiro público da atual gestão?

Nosso gabinete não tem elementos concretos para falar em irregularidades no gasto do dinheiro público da atual gestão, no entanto, temos inúmeras indagações quanto as prioridades desse governo. Com tanta demanda reprimida nas áreas de saúde e educação, por exemplo, você utilizar elevados recursos em obras que poderiam aguardar um momento mais oportuno é no mínimo de se questionar, e é o que nosso gabinete vêm fazendo ao longo deste ano.

Quais os principais projetos que você propôs como vereadora até o presente momento? Qual você gostaria muito que fosse aprovado?

Nosso gabinete apresentou em 2021, 26 projetos de leis, a maioria na área da saúde, outros na área de educação, desenvolvimento econômico, segurança e transparência de atos do poder Público Municipal.

O principal que destaco é o projeto que autorizava a Prefeitura a custear consultas, exames e diagnóstico por imagens de pessoas em situação de vulnerabilidade social, ou seja, aquelas pessoas que comprovadamente não têm condições de pagar pela realização desses procedimentos na rede privada, e que a demora, a espera pelo SUS, poderia comprometer a qualidade de vida ou mesmo a vida dessas pessoas. Infelizmente esse projeto foi rejeitado pela maioria dos vereadores da Câmara Municipal.

E outro projeto que eu gostaria também que tivesse sido aprovado, é o que autorizava a política educacional especial e inclusiva para poder favorecer as intervenções com crianças com deficiência de nossa cidade, que infelizmente, mesmo com o parecer favorável de advogado da Câmara Municipal, foi rejeitado pela maioria dos vereadores.

2022 é ano de eleição.  Como você avalia o cenário político nacional?

Tenho avaliado o cenário político nacional com muita preocupação a semelhança de muitos brasileiros, pois a polarização não é boa para ninguém. Mas vamos aguardar as opções que serão colocadas à disposição da nação, sempre pensando que o nosso país possa trilhar os caminhos do desenvolvimento, pois potencial todos nós sabemos que nosso país tem.

Na sua opinião qual a importância de ter um candidato a Deputado Estadual e Federal da região? Você pretende se candidatar a um desses cargos em 2022? Se não, algum nome da região teria seu apoio em uma eventual candidatura?

Na minha opinião, a importância em se ter candidato ao cargo de deputado estadual e federal da nossa região é fundamental para o progresso da nossa cidade e região, pois essas pessoas, se eleitas, serão o elo entre o município, o estado e a união, para reverter recursos arrecadados com impostos em obras em infraestrutura, saneamento, saúde, educação, segurança e tantas outras fundamentais que o município sozinho não daria conta de atender a demanda, mas com o suporte dos outros entes da federação por intermédio desses representantes do estado de São Paulo e na União, em Brasília, poderão trazer. Como é do conhecimento, o deputado estadual tem no mínimo, cinco milhões por ano para destinar a sua região. E um deputado federal tem no mínimo, dezesseis milhões por ano para destinar à sua região. Somando isso, imagina os avanços que a cidade e a região poderão registrar em no mínimo quatro anos com essa representatividade. Então, a importância é fundamental.

Qual sua opinião sobre a atual administração municipal? Quais os pontos positivos e negativos?

A atual administração municipal é continuidade das administrações anteriores, atualmente não vejo nada de novo para marcar a gestão atual.

Na última eleição municipal não tivemos mulheres candidatas a prefeita. Como você avalia a representatividade da mulher na política local? Tem vontade de concorrer novamente a prefeitura de Atibaia?

Eu avalio a representatividade política feminina na política local como ruim, e atribuo o principal fator aos dirigentes partidários, pois pouco ou nada investem na formação de mulheres, bem como não dão condições para que concorram em igualdade de condições com as candidaturas masculinas, e isso acaba afastando o interesse de muitas mulheres em se colocarem à disposição da sociedade, e isso precisa mudar. O papel do dirigente partidário é providencial nesse processo.

*O Portal Atibaia News informa que todos os vereadores de Atibaia serão convidados para uma entrevista, no mesmo formato, e com o mesmo objetivo: informar a população sobre a atuação de cada membro da atual Câmara Municipal. Reforçamos que o site não possui nenhuma orientação político partidária para o exercício do bom jornalismo.

Abaixo os links dos vereadores já entrevistados:

Marcão do Itapetinga

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