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POSTADO EM 31/10/2019 - 20h02

Associação Paradesportista de Atibaia atende cerca de 100 atletas nas modalidades de Atletismo e Nat

Fundada em 2010, a APA possui hoje atletas de alto rendimento e que disputam campeonatos nacionais e internacionais

Armando Teixeira Junior

A Associação Paradesportista de Atibaia (APA), teve início em 2010, e tudo começou quando a cidade precisava de um grupo de atletas na categoria PCD (pessoa com Deficiência) para representar o município nos jogos regionais de Americana. Na época apenas três paratletas se apresentaram, mas ali surgiu a semente do projeto que hoje mobiliza mais de 100 pessoas com algum tipo de deficiência que praticam natação e atletismo em diversas modalidades.

“Nossos três primeiros atletas foram o Denilson, o Ivan e o Magalhães, que foram até os jogos regionais de Americana e representaram Atibaia na natação PCD.

Hoje temos cerca de 100 pessoas atendidas entre trabalho social, atletas em desenvolvimento e os de alto rendimento que defendem o nome de Atibaia nas competições nacionais e internacionais nas modalidades de Natação e Atletismo. Sendo que Atletismo fazemos todo o trabalho de pista e campo, desde as corridas até salto em altura, salto em distância, arremesso de peso, dardo, disco, diversas modalidades.” Explica o presidente de APA, Maurício Felício.

Com o auxílio de alguns patrocinadores como a UNIFAAT e o Hospital Novo Atibaia e com o apoio da Prefeitura, a APA desenvolve seu trabalho quase que diariamente com treinamentos de Atletismo de segunda a sexta-feira no Estádio Salvador Russani (Campo  do Alvinópolis), das 10h00 às 12h00, enquanto os treinamentos de natação acontecem de segunda a quinta-feira, nas piscinas do CIEM (Centro Integrado de Educação Municipal), também das 10h00 às 12h00.

Pessoas com qualquer tipo de deficiência, seja intelectual, física ou visual podem participar, havendo apenas o limite de idade de 06 a 65 anos. As inscrições podem ser realizadas através da página da APA na internet ou pelo telefone: (11) 9.9833-5136.

Sem “coitadismo” e com o respeito que os atletas merecem

Quando surgiu a ideia de preparar uma matéria sobre os paratletas de Atibaia, confesso que fiquei um pouco inseguro, afinal era um assunto muito relevante para a sociedade, mas precisava ser tratado com o devido respeito sem cair no lugar comum do “vitimismo”. Para ser sincero não sabia nem qual a terminologia correta utilizar, os termos “Pessoa com Deficiência” (PCD) ou até “pessoas com necessidades especiais” me pareciam por vezes indelicados. Todo o receio passou no momento que iniciei o bate-papo com o presidente da Associação Paradesportista de Atibaia, Maurício Felício, e já em uma das perguntas iniciais ele conseguiu resumir tudo aquilo que eu desejava colocar na matéria e não conseguia expressar.

“Uma coisa que a gente detesta na Associação é o “coitadismo”, o “vitimismo”. Pessoas com deficiências tem suas limitações, mas fora isso são pessoas normais que tem capacidade de executar várias coisas, não só no âmbito esportivo, mas no seu dia-a-dia, no seu trabalho no seu convívio social. A linguagem da imprensa e das mídias em geral é muito boa ao não retratar o portador de deficiência como um “coitado”. As pessoas olham e falam, “Olha que bacana como essa pessoa é esforçada”, merece essa conquista.” Declarou Maurício.

Quando perguntei sobre a terminologia correta ele me deixou tranquilo ao explicar que PCD (Pessoa com Deficiência) é um termo bastante utilizado e que as pessoas bem resolvidas que tem qualquer tipo de limitação ou deficiência física ou mental, não ligam tanto para isso, desde que sejam valorizadas pelo seu esforço e dedicação.

Segue abaixo um trecho da entrevista concedida ao Portal Atibaia News.

Atibaia News: Atualmente quem pode participar das atividades da APA?

A APA atende de 06 a 65 anos, pessoas com qualquer tipo de deficiência, seja intelectual, física ou visual. E agora estamos em um processo de adaptação para atendimento de pessoas surdas também. Estamos com a necessidade de encontrar um intérprete de Libras, mas está sendo difícil encontrar um profissional da área que tenha disponibilidade de nos ajudar no período de treinamento, mas a partir do ano que vem pretendemos atender deficientes auditivos também.

Atibaia News: Como você avalia o preconceito contra a pessoa portadora de necessidades especiais?

Eu acho que tem diminuído. Hoje as pessoas veem um portador de deficiência visual na rua e não se espantam, as pessoas procuram ajudar de um modo correto. Você vê cadeirantes nas ruas, em órgãos públicos, empresas... existe uma aceitação hoje no mercado de trabalho e no convívio social muito melhor que há 15 anos atrás por exemplo.

Atibaia News: Quais são os profissionais que hoje auxiliam os atletas da APA durante os treinos e no dia-a-dia?

Atualmente temos o acompanhamento médico com o Dr. Fernando Santella, que toda segunda-feira está nas praças esportivas avaliando o desempenho clínico dos atletas. Temos um professor de Educação Física o Márcio “Toddy” Pedroso e a auxiliar Larissa Magnanima Machado. Na piscina temos o professor de natação e técnico da equipe Felipe Garcia Nunes, a professora Elaine Cardosos e a auxiliar técnica Cristiane.

Atibaia News: Como o trabalho da APA é mantido? A Prefeitura de Atibaia auxilia o projeto?

Temos o apoio da Prefeitura de Atibaia e alguns patrocinadores como a UNIFAAT e o Hospital Novo Atibaia. A Prefeitura nos auxilia cedendo os espaços de treinamento, o Estádio salvador Russani (Campo do Alvinópolis) e a piscina do CIEM, entre eles, além de auxiliar com um aporte financeiro anual que nos ajuda a manter toda a nossa estrutura.

Atibaia News: Maurício você também é paratleta? Como funciona o estatuto da APA em relação aos cargos administrativos?

Sim sou portador de deficiência visual, pratico natação e sou especialista em nado peito.

No estatuto consta que qualquer pessoa que vai exercer um cargo na associação deve também ser portadora de deficiência, justamente para que não fortaleça aquela ideia que já falamos antes do “coitadismo”. Às vezes uma pessoa sem deficiência ao ocupar um cargo de liderança na Associação poderia ir pelo caminho mais fácil de vender nossa imagem como “coitadinho” para obter algo em troca. Olha que dó! Que pena! E isso a gente não quer!...Por isso todos os cargos importantes de tesoureiro, vice-presidente, conselho fiscal... todos são também portadores de deficiência porque a gente queria passar uma visão legal, positiva e não ter nossa imagem explorada.

Atibaia News: Atualmente como está o desempenho dos atletas da APA? Quais são os destaques?

Por coincidência o primeiro atleta a ter destaque na associação fui eu, em 2016 disputei a vaga para as Paraolimpíadas, fui ao Rio de Janeiro, acompanhei toda aquela estrutura que foi montada e fiquei a 16 centésimos da vaga olímpica nos 100 metros nado peito. Já fui segundo do Brasil, quinto do mundo. Temos também o atleta João Batista, deficiente visual, que pratica lançamento de disco e disputou a seletiva para as Paraolimpíadas. Hoje nós temos uma menina a Bia, a Beatriz Eduarda, que completou 18 anos em setembro, daqui a 2 anos acredito que ela será a melhor nadadora do mundo, nos 100m costas, 100m livre, 400m livre. No último campeonato brasileiro ela já bateu dois recordes e já está convocada para a seleção brasileira; em pouco tempo ela será um fenômeno da natação.

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