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POSTADO EM 23/08/2019 - 21h27

Número de furtos de automóveis diminui, mas tentativas de GOLPE DO SEGURO chamam a atenção em Atibai

Desde a implantação do GGI e da Muralha Digital houve ao menos 15 casos de falsa comunicação de crime identificados como tentativas de “golpe do seguro”

Armando Teixeira Junior

Segundo informações disponibilizadas pelas autoridades de segurança da cidade de Atibaia, o número de furtos de automóveis diminuiu exponencialmente nos últimos anos. Desde a instalação do Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública (GGI) e do auxílio tecnológico da “Muralha Digital”, sistema de câmeras que mapeia as entradas dos principais bairros da cidade, o número de furtos a automóveis caiu de 45 ocorrências por mês, para 15 em média. No entanto o que chama a atenção é o número de casos onde existe falsa comunicação de crime e tentativa de receber o prêmio do seguro, golpe que pode ser considerado estelionato.

Sobre o número de furtos na região o Secretário de Segurança Lucas Cardoso afirma que as características de Atibaia, uma cidade de médio porte, com cerca de 150 mil habitantes, próxima, a São Paulo e a duas rodovias, dificulta a redução total do número de furtos, e que as soluções para o problema passam também pelo aumento do efetivo nas ruas e a aplicação de leis mais rígidas.

“Precisamos aumentar o efetivo, para ter mais patrulhamento para dar conta do trabalho preventivo e lutar por leis mais rígidas para manter ladrão preso. Porque chegamos a prender integrantes de quadrilha que roubam veículos duas vezes no mesmo ano. Ele é preso hoje, daqui seis meses é solto.” Afirma.

Até o início desta semana, as forças de segurança de Atibaia investigavam 12 denúncias de furtos a veículos, dos quais 4 foram localizados, e alguns deles podem engrossar a lista de incidência de tentativas de “golpe do seguro”, quando o proprietário facilita ou entrega seu carro para alguém, geralmente para um desmanche, e depois comunica o furto do mesmo com intuito de receber o prêmio do seguro.

“Desde o início do uso da muralha digital, pegamos pelo menos 15 tentativas de “golpe do seguro”. A polícia levanta as informações, investiga e vê que não está batendo com as declarações do boletim de ocorrência.” Afirma o secretário.

Entre os casos mais comuns estão aqueles que o proprietário não consegue pagar a prestação do automóvel alienado e entrega a chave para o “ladrão” que desmonta o carro, e depois de 12 horas aparece a comunicação de furto.

Geralmente o que acaba “entregando” a farsa são as informações apuradas durante a investigação.

“A pessoa entrega o carro em São Paulo. Viaja com dois carros e retorna com 1 e depois aparece para fazer B.O. A Polícia faz a investigação e pega. Temos um caso onde o condutor nunca andou por Atibaia, faz anos que o carro não roda por radar nenhum, ou seja, as informações não batem.” Explica Lucas.

Dos 12 casos em aberto no início da semana ao menos três apresentavam inconsistências podendo ou não significar falsa comunicação de crime. Não foi possível obter mais detalhes desses casos por estarem ainda abertos em investigação. 

Corretores e seguradoras podem também identificar golpe e recusar o pagamento do prêmio

Muitas pessoas podem imaginar que o “Golpe do Seguro” é fácil de ser aplicado, mas não imaginam que além das forças policiais envolvidas, a seguradora também faz uma averiguação detalhada antes do pagamento do prêmio, o que pode acabar revelando as fraudes.

O corretor Clayton Albert de Jesus Moraes, proprietário da Exerce Consultoria e Corretagem de Seguros, afirma que entre as fraudes mais comuns, que podem causar grande prejuízo as seguradoras, estão realmente a falsa comunicação de furto, roubo ou até a tentativa de causar “perda total” no carro segurado para receber o prêmio.

Apesar dos esforços entre corretor, seguradora e forças policiais existe uma estimativa que 30% dos prêmios pagos após registro de furto ou roubo de veículo sejam “golpes do seguro” que não foram descobertos.

“As seguradoras acabam pagando o prêmio muitas vezes “sabendo” que houve fraude, mas sem ter provas concretas, acabam pagando por não conseguir provar que houve de fato a fraude”. Afirma.

Entre as pequenas fraudes do dia a dia existe a “inversão de culpa”, quando na hora do registro de um sinistro a pessoa segurada assume a culpa por uma colisão para que o seguro pague o conserto de ambos os carros envolvidos. Por isso existe uma apuração dos detalhes do acidente onde o corretor e a seguradora podem descobrir a fraude.

“A seguradora nesses casos paga apenas o conserto do segurado, não realizando o reparo de terceiros, e pode inclusive tentar acionar judicialmente essa pessoa para ser ressarcida pelo causador da colisão.” Explica.

Para o corretor, a prevenção das fraudes começa já na entrevista de perfil do segurado, onde é possível as vezes notar na conversa com os clientes a intenção de cada um, e assim “filtrar” e formar uma boa carteira de clientes que não ofereçam riscos de fraude.

O corretor afirma que na maioria dos casos a pessoa que tenta aplicar o “golpe do seguro” é incapaz de fornecer dados consistentes e acaba por cair em contradição, mesma situação relatada pelas forças de segurança. Para Clayton o boletim de ocorrência online as vezes age como facilitador; justamente por impedir que quem comunica o crime seja confrontado em sua versão.

“Essa é uma opinião pessoal minha, acredito que o número de fraudes contra os seguros aumentou muito porque ao fazer um boletim de ocorrências online, você coloca ali o que quer e não tem a presença de um policial que pode contestar aquela versão e inibir uma mentira se estivesse cara a cara.” Conclui.

A tentativa de fraude contra os seguros é passível de punição segundo o código penal brasileiro, no artigo 171, enquanto a falsa comunicação de crime ou contravenção está prevista no artigo 340.

Veja também:Conheça algumas das mais curiosas loucuras cometidas na tentativa de receber uma indenização fraudulenta do Seguro Automóvel.

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