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POSTADO EM 18/03/2020 - 18h23

Programa Vizinhança Solidária auxilia forças policiais a reduzirem índices de criminalidade em 63 ba

O Capitão Wanderley Turolla falou ao Portal Atibaia News em entrevista sobre o programa que têm a coordenação da Polícia Militar e Guarda Municipal, e se organiza através de grupos de whats app para gerar alertas e inibir situações de perigo e crimes nos bairros

Armando Teixeira Junior

Você já ouviu falar do Programa Vizinhança Solidária (PVS)? Já notou uma plaquinha nos postes de iluminação pública e na fachada das residências com o logo?

Muitas pessoas têm descoberto que a melhor forma de manter suas casas seguras e o bairro protegido é com a cooperação entre vizinhos. O PVS tem auxiliado as forças de segurança a reduzir cada vez mais os índices de criminalidade através da prevenção primária, e já é uma realidade em Atibaia.

Partindo de uma premissa muito simples, moradores se organizam por ruas e setores do seu bairro para ajudar a cuidar das residências uns dos outros, gerando alertas em caso de situações suspeitas. Através de grupos de whats app são comunicados barulhos, alarmes disparando, a presença de veículos desconhecidos circulando ou parados no bairro, até situações mais sérias como casos onde são notados roubos, furtos e outros crimes em flagrante. Cada setor possui um “tutor”, um membro da comunidade que serve de ponte entre as forças policiais e os moradores e, além disso membros da Polícia Militar e da Guarda Municipal também fazem parte dos grupos de whats app.

O grupo responde a algumas normas, devido a seriedade de sua utilização. Correntes, venda de produtos e serviços e outros assuntos banais, não podem ser compartilhados nos grupos que ficam restritos a questões de segurança.
Em Atibaia o PVS ainda segue um modelo ímpar no Estado de São Paulo onde a Polícia Militar trabalha em conjunto com a Guarda Civil Municipal na coordenação e implantação do programa nos bairros.

Para explicar melhor o funcionamento do PVS, entrevistamos o Capitão Wanderley Turolla Alves Cardoso, Comandante da Terceira Companhia do 34º Batalhão da Polícia Militar do Interior.

Atibaia News: Como surgiu a ideia de implantar o Vizinhança Solidária em Atibaia? Como foi o início do projeto?

O programa vizinhança solidária é um projeto da região do ABC, de São Bernardo do Campo. Em 2014 o então Capitão Moura, hoje Major Moura, implantou em quatro bairros no município. Quando iniciamos o trabalho de integração com a comunidade em 2016 e na sequência, que foi criado o GGI (Gabinete de Gestão Integrada). No início do projeto alguns bairros não sabiam qual era a importância do PVS que era, principalmente as pessoas se conhecerem e conhecerem as necessidades do bairro e, no caso de serem relacionadas à segurança pública passar para os órgãos policiais

Atibaia News: Quantos bairros atualmente possuem grupos organizados do Vizinhança Solidária?

São 63 bairros e já estamos para implantar em mais três bairros, então assim que passar essa pandemia nós estaremos com 66 bairros com o PVS em Atibaia.

Atibaia News: Quais os resultados até o momento?

Então, o ano de 2019,  que foi o ano de pleno funcionamento dessa estrutura do GGI, que visa a integração das forças policiais com a comunidade através do PVS, do CONSEG e do uso da tecnologia, foi o ano de menores índices criminais, e uma grande parcela está relacionada com o auxílio da população através do PVS para os problemas de Segurança Pública.

Atibaia News: Existe alguma estatística de quantos casos são solucionados ou evitados com a ajuda do Vizinhança Solidária?

Com relação a estatísticas, nós temos então uma queda em todos os índices. Nós monitoramos 9 tipos de delitos: Homicídio, latrocínio, roubo, roubo de veículo, furto, furto de veículo, roubo de carga, roubo a banco e estupro. Então nós estamos em queda em todos os índices, e principalmente nós estamos com os bairros, temos alguns bairros que não tem nenhum delito ocorrendo em virtude dessa integração.

Temos vários casos positivos, várias prisões que foram feitas em virtude de o vizinho estar atento. Sabendo que naquele momento não há ninguém na residência do vizinho, ouviu um barulho e acionou as forças policiais; e lá chegando detiveram o infrator da lei. Tivemos casos também de pessoas no bairro infartando e que em virtude do grupo (de whats app), pediu ajuda, foi socorrida e está viva no presente momento. Então são exemplos positivos, que nós temos da vida em sociedade e comunitária, um preocupado com outro, as pessoas de bem se unindo para que o mal seja afastado e que os infratores não tenham um campo produtivo para cometer crimes no nosso município.

Atibaia News: O foco do grupo é a prevenção primária. O que isso significa?

Sim, no PVS o principal foco é a prevenção primária, que por definição é o conjunto de ações destinadas a avaliar, identificar, remover ou reduzir os fatores ambientais precursores do cometimento da infração de natureza administrativa ou penal, sendo realizada principalmente por meio de políticas públicas voltadas a coibir ou mitigar danos aos direitos sociais individuais, bem como ao patrimônio e meio ambiente, visando a qualidade de vida das pessoas e ao seu bem estar social.

A prevenção primária está relacionada a tornar o ambiente inóspito ao cometimento de infração, então com a ajuda da população quebrar o ciclo vicioso de “local propício”, “vítima não cautelosa” e “infrator disposto a cometer delito”. Então devemos quebrar esse ciclo, principalmente com a prevenção primária, que está relacionada a criação de um ambiente hostil ao infrator, que é ele saber que se cometer um delito, provavelmente vai ser preso ou identificado. Então esse objetivo do PVS.

Atibaia News: Quais são as ações recomendadas no caso de presenciar uma ação suspeita no seu bairro?

Quando ocorre uma ação criminosa a primeira orientação é que o morador ligue 190 ou 153, os telefones de emergência da Polícia Militar e Guarda Municipal e na sequência lance o alerta no grupo do WhatsApp, onde nós estamos presentes. Aí o tutor também aciona as forças de segurança lançando no grupo específico dos tutores um alerta. Nesse caso do Alerta nós damos uma atenção maior porque se trata de ocorrência em flagrante ou que acabou de ocorrer, está acontecendo ou acabou de acontecer, e as forças policiais então são acionadas.

Atibaia News: Quem são os tutores e quais seus deveres?

Os tutores são os líderes de bairro, podendo ser por exemplo o presidente da associação ou onde não há uma associação uma pessoa que tem uma liderança dentro do bairro, dentro daquela comunidade. E o seu principal dever é estar atenta aos grupos do WhatsApp e aos anseios da comunidade onde está; passando para os órgãos públicos, através do CONSEG e das forças policiais. A prefeitura também está presente e essas necessidades são repassadas para um ouvidor.

Atibaia News: Qual o papel das forças policiais dentro dos grupos?

Dentro dos grupos estão os gestores da Polícia Militar e da Guarda Municipal, e o objetivo, é que se tenha uma disciplina dentro desses grupos e que as ocorrências em flagrante a gente consiga analisar e encaminhar de imediato para as equipes de serviço, para que possa a vítima ser socorrida no menor tempo possível. Tenho um atendimento rápido, em tempo de resposta pequeno.

Atibaia News: Alguns bairros como o Nova Atibaia tiveram excelentes resultados após a implantação do programa. Mais algum bairro na cidade teve destaque na queda dos índices de criminalidade?

Nos outros 62 bairros, estamos com uma experiência de sucesso. Além da facilidade de acionar as forças policiais, a comunidade se conhece e muitos problemas que não eram detectados agora a gente consegue solucionar juntos. Fato isolados, por exemplo como um veículo de fora quando é lançado no grupo, outro morador já identifica que é um parente que chegou é algum serviço de uma agente terceirizado que está trabalhando em casa, então vai ter uma solução sem acionamento numa viatura.

Atibaia News: Se um bairro não possui o programa, o que é necessário para iniciar um grupo de Vizinhança Solidária?

Nós temos uma primeira reunião aqui na sede da companhia. O comandante da subunidade e o inspetor de serviço da guarda municipal ou próprio Secretário de Segurança, aonde vamos esclarecer o que é o programa vizinhança solidária para os líderes do bairro. Nesse primeiro momento o encontro é entre cinco a seis pessoas na sede da companhia. O que é preciso para que se implante o PVS no bairro, na sequência depois de mobilizar os moradores, é realizada uma reunião de implantação com maior número de pessoas que estão dispostas a se unirem na corrente do bem, da integração e do bem comum naquela comunidade, no município, na região e assim por diante.

 

 

 

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